quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Os vídeos da coleção Amores Expressos


Tenho o maior interesse em assistir a uma entrevista ou bate papo com um escritor, desde que seja coisa séria, onde o mediador do papo coloca questões pertinentes e não tem o objetivo de aparecer mais que seu convidado. Por isso tenho um interesse especial por eventos como o Ofício da Palavra aqui de BH e o Fórum das Letras de Ouro Preto. Estes eventos nos oferecem uma oportunidade para aprender mais sobre determinado escritor, que fatalmente é também um personagem, interessante ou não. Acho fascinante saber como trabalham, em que se inspiram, qual o seu processo criativo, se interferem no aspecto comercial, entre outras questões.

Se você é uma das pessoas que compartilham do interesse por este tipo de evento, não deixe de assistir aos vídeos da série literária Amores Expressos. Para quem não sabe, a coleção Amores Expressos vem sendo editada pela Companhia das Letras, e neste projeto escritores brasileiros viajam para capitais espalhadas pelo mundo, permanecendo algumas semanas por lá e absorvendo a cultura daquele país. Depois, escrevem um romance ambientado naquele local. Não é um projeto bacana? Apesar de já ter visto escritores participantes do projeto reclamando, achei a idéia fabulosa.

Mas o fato é que o projeto Amores Expressos não tem como único resultado o livro. Os escritores atualizam um blog durante sua viagem, e são produzidos vídeos de cada um dos escritores no prórpio país de destino comentando sobre o lugar que estão conhecendo, seu processo de trabalho, a ambientação ao país e as idéias para produzir o romance. Não bastasse um conteúdo tão interessante, boa parte dos escritores participantes são considerados revelações na literatura contemporânea brasileira. Nomes como Joca Reiners Terron, Luiz Ruffato e Daniel Galera estão no projeto.

Se você gostou, fique de olho na programação do canal (a cabo) Arte1. Eles estão passando (e reprisando) vários destes episódios, além de exibirem outros programas interessantes ligados a literatura. Não deixe de ver.

Abraços
Thiago Rulius.

sábado, 26 de outubro de 2013

90 anos de Fernando Sabino

O circuito cultural Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, está com programação especial e gratuita em comemoração aos 90 anos de Fernando Sabino. Sete espaços tem programação relacionada, além de um vagão montado no "corredor central" da praça da liberdade.

A programação pode ser verificada no site oficial do circuito Praça da Liberdade

Bom passeio!.
Thiago Rulius

domingo, 22 de setembro de 2013

Ultimas semanas para o prêmio Governo de Minas Gerais de literatura

Estamos entrando nas últimas semanas para inscrição no prêmio Governo de Minas Gerais de literatura. As inscrições vão até dia 15/10/2013 (mas eu adoraria se eles adiassem por mais uma semana).

Prêmio

Na categoria ficção, que este ano tem a modalidade romance como foco, o prêmio é de R$25 mil, assim como na categoria poesia.

No caso da categoria jovem escritor mineiro, o valor é pago em seis parcelas de R$7 mil, para pesquisa e elaboração do livro.

Outras informações

- Mínimo de 49 páginas para ficção
- Entre 25 e 50 páginas para poesia.
- Para jovem escritor mineiro, enviar proposta do trabalho com tamanho entre 10 e 20 páginas, ainda que não seja a definitiva (ver detalhes no edital).



Quem tem um romance engatilhado e quer entrar nessa, é hora de trabalhar duro, pois ano que vem a categoria ficção premiará a modalidade conto.

Outras categorias: conjunto da obra (R$120 mil), jovem escritor mineiro (R$42 mil).

As obras, em qualquer das categorias devem ser inéditas.

Link oficial com editais: http://www.cultura.mg.gov.br/component/gmg/story/1559-sec-publica-edital-do-premio-governo-de-minas-gerais-de-literatura

Boa sorte a todos.
Thiago Rulius

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Resenha: O pintor que escrevia - Leticia Wierzchowski

Acabo de ler o livro O pintor que escrevia, de Leticia Wierzchowski. Esta autora de nome difícil, para quem não sabe, estourou com o romance A casa das sete mulheres, adaptado pela rede Globo e exibido como uma mini série.

Apesar do texto em geral bem trabalhado, o livro não empolga. Apesar de Marco Belluci - o pintor que escrevia - ser o personagem mais bem estruturado do livro, ainda assim não me despertou mais que alguma simpatia. Os outros personagens não conseguiram superar a indiferença. A narrativa é absolutamente linear, sem nenhuma reviravolta ou ações paralelas. O final também não surpreende, pode ser deduzido muito antes do que deveria ser o clímax do romance. Não existe nenhum enfrentamento entre personagens, nenhum momento de tensão verdadeira.

Quanto ao que interessa a este blog, que é o personagem escritor, não há muito o que dizer. A autora reproduz alguns textos do personagem, mas não há nada além do veículo exótico onde ele escreve. Não existe nenhum detalhe relacionado a seu processo criativo, como ou onde escreve, se faz esboços ou coisa parecida. Marco Belluci, o personagem, escreve uma espécie de diário, e não um livro de ficção. Para quem procura um romance com um personagem escritor mais elaborado, recomendo o livro Angústia, de Stephen King, já resenhado aqui no blog.

Nunca li outro livro da Leticia, mas para quem quer conhecer a autora, recomendo ler outro dos seus livros. Talvez o irmão famoso A casa das sete mulheres seja a melhor opção.

OBS: Para fazer resenha de qualquer livro no blog, sigo duas premissas: O livro deve tratar de assuntos relacionados ao ofício da escrita e relacionados, ou (em caso de ficção) deve ter um personagem escritor. O pintor que escrevia é um romance que atende a este ultimo critério, e me chamou a atenção por ser relacionado a escrita e pintura, duas características que podem enriquecer muito um personagem.

Abraços.
Thiago Rulius

sábado, 27 de julho de 2013

Premio SESC de Literatura 2013/2014

Continuam abertas as inscrições para o prêmio SESC de literatura 2013/2014, uma grande oportunidade para os escritores ainda não publicados no formato livro (requisito do edital). Ou seja, você enviará seu original na categoria conto ou romance (ou nas duas) e só concorrerá com outros "debutantes".

O prêmio, para quem quer construir uma carreira, não podia ser melhor: ser publicado pela editora Record.

Como as inscrições foram prorrogadas até 30/08, ainda dá tempo de deixar seu original no jeito e entrar pra ganhar. E se não ganhar, quem sabe você não ficará entre os finalistas? É um feedback e tanto, não?

Veja aqui mesmo no Papolivro uma entrevista com a escritora Luisa Geisler, vencedora do prêmio em ambas as categorias.

Abraços e boa sorte!!!
Thiago Rulius

quinta-feira, 4 de julho de 2013

O preconceito com a ficção nacional e alguma reflexão relacionada

Vejam esta matéria do Jornal do Brasil ilustrando bem o preconceito de alguns leitores com a ficção nacional. O bacana do texto é que, além de exemplificar esta situação com um caso real, o autor Raphael Montes comenta os possíveis motivos para a nossa literatura não decolar. Acho especialmente importante a parte relacionada a autopublicação de livros que ainda não estão maduros e a edições de baixa qualidade, que só queimam o filme dos livros nacionais e do próprio autor.

http://www.jb.com.br/cultura/noticias/2013/07/01/livro-nacional-nao-quero/

Para quem quer pagar sua própria edição, procure ver livros já editados pela prestadora de serviços para ver a qualidade de edição da obra, desde acabamento a erros de português. Avaliar o próprio texto não deixa de ser uma boa, afinal editoras que só lançam livros fracos podem já ser reconhecidas como ruins pelos clientes e reduzir as chances de sucesso comercial de sua obra.

Pode também ser boa opção contratar uma leitura crítica antes de submeter o original para editoras ou prestadoras de serviços, fazer os ajustes apontados no texto e só depois submetê-lo. Seria mais um ponto a favor da qualidade da obra. Eu (que não tenho ainda nenhum romance publicado) contratei o serviço para o romance que estou escrevendo e gostei muito do relatório recebido, que me chamou atenção para possíveis melhorias que posso fazer e também para perceber o que não ficou claro na obra, de acordo com a percepção da leitura.

Já sabemos que a ficção nacional não tem muito espaço nas livrarias, e na maioria dos casos recebe um tratamento comercial apenas secundário. Então, temos de pelo menos fazer (bem) a nossa parte.

Abraços
Thiago Rulius


quinta-feira, 30 de maio de 2013

Nova biblioteca em BH

O centoequatro, espaço multiuso no centro de BH (que tem ainda galeria de arte, café e cinema - com filmes bons, fora do circuito) está inaugurando uma biblioteca com acervo especializado em artes visuais.

Ainda não tive oportunidade de visitar, mas a turma da literatura que se interesse por outras formas de expressão podem encontrar aí material valioso e disponível gratuitamente. Além do mais, caso existam livros de roteiro disponíveis, estes certamente interessarão aos escritores de ficção. Vou falar mais sobre livros de roteiro em um outro post qualquer dia destes (já estou preparando).

O acervo, de aproximados 1500 volumes, estará disponível apenas para consulta local.


Confira abaixo a programação da inauguração neste sábado 01/06/2013.


Sábado, 01 de junho de 2013
10h | Lançamento coletivo de livros dos artistas João Castilho, Rosângela Rennó, Pedro David, Júlio Martins, Marco Antônio Mota, Nitro Editorial, Amir Brito Cadôr, Viente Pessoa e Raquel Versieux. Distribuição de cartazes do Poro e lançamento da revista Nuvem nº6 Arquipélago Imaginário.
11h | Debate sobre a produção de livro de artista com Vicente Pessoa e Raquel Versieux e mediação do curador Júlio Martins.
Entrada gratuita
Relação dos livros que serão lançados:
_ A01 [cod.19.1.1.43] — A27 [s|cod.23], de Rosângela Rennó
_ Espelho diário, de Rosângela Rennó e Alicia Duarte Penna
_ Iluminuras, de Júlio Martins e Marco Antônio Mota
_ NEVEN, de Raquel Versieux e Vicente Pessôa
_ Os Chicos Prosa e Fotografia, Beira de Estrada e Harpia, da Nitro Editorial
_ Pulsão escópica, de João Castilho
_ Rota Raiz, de Pedro David
_ Edições Andante, de Amir Brito Cadôr
_ Revista Nuvem nº6 – Arquipélago Imaginário, coordenada por Brígida Campbell

Programação de inauguração retirada de http://www.centoequatro.org/ 

Abraços.
Thiago rulius

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Fórum das Letras 2013 - Debates

Já divulgaram a agenda do Fórum das Letras 2013, que será realizado em Ouro Preto no feriado e último fim de semana deste mês de maio. Veja por que você, escritor, deve comparecer.

Apesar do tema Literaturas de Origem ser inferior em termos de atratividade para o público deste blog se comparado ao do ano passado, ainda assim teremos debates da maior relevância voltados ao escritor.

Comento abaixo os que me parecem ser os principais:

30/05 - 14h30 - Homenagem aos 10 anos do Prêmio Sesc de Literatura
A importância dos prêmios na carreira de um escritor
Luisa Geisler, Lúcia Bettencourt, Rafael Gallo e Jeter Neves
Mediação: Maria Esther Maciel
Local: Espaço Sesc - Anexo do Museu da Inconfidência

Tem tudo para sem muito enriquecedor. Luisa Geisler e Rafael Gallo são os vencedores do prêmio SESC de literatura 2011/2012. Uma ótima oportunidade para saber como as coisas andaram para estes autores antes e depois de vencer o concurso que tem como prêmio a publicação das obras pela editora Record.
A Luisa Geisler foi entrevistada pelo Papolivro. Leia a entrevista.

31/05 - 16h - Mudanças no mundo literário: ponto de vista do escritor, do agente e do editor
Flavio Carneiro, Vivian Wyler; Lúcia Riff
Mediação: Lucas Bandeira.
Local: Espaço Sesc - Anexo do Museu da Inconfidência

Se a agente literária Lucia Riff trouxer ao debate a metade das informações que a também agente Ana Maria Santeiro trouxe ao debate "Como publicar o primeiro livro?" no Fórum das letras de 2012, esta mesa já terá valido a pena. A inovação de trazer outros profissionais da cadeia do livro elevou muito o nível do evento no ano passado e tenho certeza que fará muito bem ao Fórum das letras 2013 também.


01/06 - 16h - Estratégias para conquistar mais leitores
Eduardo Spohr, Ricardo Maciel dos Anjos
Mediação: Marianna Teixeira Soares
Local: Espaço Sesc - Anexo do Museu da Inconfidência

Sei que muito autor pensa que este assunto não é da sua conta, que só a editora é que deve se preocupar e resolver este "problema". Para quem pensa desta maneira, recomendo rever sua opinião o quanto antes, ou podem estar dando o primeiro passo para "despontar rumo ao anonimato", como disse certa vez o escritor Stalislaw Ponte Preta.

Especialmente o autor que está debutando deve prestar atenção a este assunto. Se você não é ator da TV Globo nem uma pessoa conhecida, você definitivamente precisa contribuir com as vendas do seu livro. Você é quem o conhece melhor, é o principal interessado na questão comercial (já que a editora tem dezenas ou centenas de livros para lhe dar retorno financeiro, e você não), então certamente é a melhor pessoa para vendê-lo.

Vejam o caso do autor (que estará na mesa) Eduardo Spohr, de "A batalha do apocalipse". Não tivesse ele insistido em sua divulgação de formiguinha, no boca a boca e no podcast que lhe abriu as portas, e seu livro (inicialmente publicado de maneira independente) jamais teria vendido as 4.000 cópias que vendeu, atraindo assim a atenção da editora Record. Sem este esforço este escritor não estaria comemorando seus 350.000 exemplares vendidos (pelo que ouvi dizer).


Acho que estes são os debates, principais, pelo menos pensando no foco deste blog, que privilegia assuntos relacionados aos escritores que estão buscando seu espaço. Outros debates têm tudo para ser excelentes, mas extrapolam o escopo deste artigo. Caso queira verificar a agenda do Fórum das Letras, acesse o site oficial do evento.


Veja nos links abaixo a cobertura do Fórum das Letras pelo blog Papolivro nos dois últimos anos:

Fórum das letras 2011
Fórum das letras 2012

Abraços e até lá!
Thiago Rulius.

domingo, 14 de abril de 2013

Fórum das Letras 2013 de Ouro Preto: datas confirmadas!

O Fórum das Letras de Ouro Preto mudou para o primeiro semestre, e o período de realização já foi divulgado: 29 de maio a 2 de junho, no mesmo fim de semana do feriado de corpus christi. O tema do ano é "Literaturas de origem".

Não deixe de ir pois este evento vale muito a pena. Passear por Ouro Preto, conhecer seus museus, ateliês e galerias e caminhar por suas histórias é demais. Falando de literatura, melhor ainda.

Veja nos links abaixo a cobertura dos dois anos anteriores:

Fórum das letras 2011
Fórum das letras 2012

Para acompanhar outras noticias do evento deste ano, acesse o site oficial do evento.

Abraços
Thiago Rulius.

domingo, 3 de março de 2013

Panorama da vida do escritor brasileiro contemporâneo

Vou usar de cobaia (e depois vocês vão entender o motivo) para iniciar este post o escritor Luiz Ruffato, que tive a oportunidade de ouvir em um debate na ultima bienal do livro de Minas Gerais. Cara tranqüilo, simples e acessível. Já conhecia um pouco do trabalho do escritor, pois havia lido Eles eram muitos cavalos, e também Estive em Lisboa e me lembrei de você (e gostado de ambos).

Temos no Luiz um exemplo de escritor em tempo integral, que vive exclusivamente da escrita e seus desdobramentos, o que talvez seja o que os escritores ou aspirantes a escritores que acompanham este blog tenham como meta de vida. No caso do Luiz Ruffato, ele faz um pouco mais que apenas escrever: participa de eventos literários (como o que citei acima), trabalha como jurado em concursos literários e organiza antologias. Trabalhos que tem tudo a ver com literatura, mas que possivelmente são necessários para complementar a vida de um escritor de ficção nacional, que normalmente vende apenas uma fração daquelas que chegam de fora aos montes e dominam os espaços mais nobres das nossas livrarias.

Para quem que saber um pouco mais sobre a vida deste que me parece um dos nossos melhores escritores contemporâneos, leia esta matéria. Não se trata de fofoca, mas sim de um panorama da vida de um escritor brasileiro de ficção.

Espero que aproveitem.

Abraços.
Thiago Rulius

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Entrevista - Luisa Geisler

Boa parte dos escritores que estão na luta para publicar seu primeiro livro ou disputando os bons concursos literários do país sabem quem é a Luisa Geisler. Ela, bastante jovem, conseguiu a façanha de vencer o prêmio SESC de literatura na categoria conto. Não satisfeita, ganhou no ano seguinte na categoria romance, fazendo com que a organização do prêmio SESC mudasse as regras para o caso de aparecer outro escritor com o mesmo talento e precocidade por aí querendo repetir esta fabulosa conquista.

Tive a oportunidade de conhecer a Luisa pessoalmente no Forum das Letras 2012 em Ouro Preto após a debate Como Publicar o primeiro livro?. Não tivemos a chance de conversar pessoalmente o quanto eu gostaria, pois ela teve de atender aos seus outros leitores e o debate seguinte começou cedo demais. Mas ela, muito solicita, me passou seu contato e agora trago a vocês uma pequena entrevista com esta autora que começou sua carreira da maneira mais destacada: vencendo por duas vezes um concurso do mais alto nível, lançando seus livros por uma editora como a Record e participando da seleção dos 20 melhores jovens escritores brasileiros da revista Granta.

Agradeço a Luisa por dividir um pouco de sua experiência conosco. Aproveitem as dicas e conheçam os livros da autora: Contos de mentira (contos) e Quiçá (romance).

Luisa, antes de mais nada, muito obrigado por conceder esta entrevista ao blog Papolivro.
Imagina! :) Todos os blogs literários são bem-vindos.

1) Sabemos um pouco da sua trajetória a partir da vitória no prêmio SESC com o livro Contos de mentira. Mas como as coisas correram para você antes disso em relação a literatura? Já publicava em jornais, revistas ou blogs? Participava de outros concursos literários?
Então, antes do Contos de mentira, eu escrevia muito pra mim mesma. Participei de alguns concursos de contos, alguns públicos, mas nada chamativo. Cheguei a ter blog, mas nunca fui boa com a manutenção. Comecei a escrever mais a sério e cogitar a carreira de escritora quando comecei uma oficina de criação literária com Luiz Antonio de Assis Brasil, na PUC/RS. Daí foi quando me empolguei de verdade com o processo.

2) Já participei de uma oficina de contos aqui em BH, e parte dos contos que tenho prontos em casa foram produzidos lá. Acho que essa é uma das maiores vantagens de frequentar uma oficina: a gente passa a ter uma espécie de "pressão" para produzir algo e levar a oficina na semana seguinte, além de conseguir uma critica especializada para o texto. Alguma parte dos contos que compõem o "Contos de mentira" foi produzida ou aperfeiçoada em oficinas como a do Assis Brasil, que você frequentou?
Sem dúvida. Diria que 50% dos contos que estão no Contos de mentira passaram pelo crivo do Assis em algum momento. A pressão pra escrever (que se torna ritmo) foi um aprendizado essencial. É comum a gente procrastinar, esquecer, priorizar outras coisas... mas quando tem um prazo, uma meta, a responsabilidade se torna mais forte. É bem comum a figura da pessoa que gosta de escrever, mas não escreve.

3) Como funciona o seu processo criativo? Tem algum método? Se considera uma escritora produtiva?
Pra escrever, sou bastante rápida. Mas a revisão, em geral, demora o dobro do tempo. Costumo brincar que só começo meu texto quando ponho o ponto final. Meu método é algo estilo:  ter noção da história — planejar — executar. Às vezes, em alguns contos, sou bem mais livre, escrevo sem planos, sem nada, só escrevo. Com romances, em geral, sou bem cdf e não gosto de escrever do nada.

4) A construção de um romance, na minha opinião, é um trabalho que nunca acaba. Sempre podemos trabalhar mais o texto, ou incluir novas reviravoltas na trama. Você também pensa assim? E se concorda, quando considera que um livro seu está pronto e é hora de parar de trabalhar o texto?
Sempre brinco que eu nunca poderia me suicidar: a carta de suicídio nunca ia ficar pronta. Adoro revisar, adoro repensar possibilidades e achar problemas do texto. Muitas vezes “trabalhar mais o texto” significa tirar excessos, tirar reviravoltas, simplificar as coisas. Nem sempre, mas às vezes. Está pronto na hora em que não tenho mais ninguém pra me dar uma opinião externa sobre o livro, porque todo mundo já leu duas ou três versões. Depois disso, não tem mais o que fazer. Tendo lido o livro duas ou três vezes, já conheço tanto a história que nem vejo mais os problemas. Não é uma avaliação justa. Acho que daí é hora de parar.

5) Em relação aos seus livros publicados, você contratou alguém para um serviço de leitura critica, ou convidou leitores de sua confiança para um feedback? Acha importante esta primeira leitura?
Muitas vezes, as pessoas me enviam romances achando que eu tenho uma opinião que preste, quando na verdade, eu sou uma leitora normal. Acho excelente a contratação de um leitor crítico, porque eles dão atenção para detalhes que os leitores comuns nem sabem. Além de terem uma noção do mercado literário e poderem ajudar nesse sentido. Eles podem, por exemplo, te trazer dicas sobre quais editoras seriam mais apropriadas pro material. Não contratei nenhum serviço de leitura crítica (mais por falta de dinheiro do que de vontade), mas tentei compensar com um bom processo de edição na Record. Ainda acho que meus livros têm muito a melhorar, mesmo depois de impressos. Confio muito nesse tipo de trabalho e acho que ajuda muito na construção de um projeto coeso.

6) Quanto ao relacionamento com a editora, muitos autores mostram insatisfação com os trabalhos de edição realizados ou com a capa do livro, por exemplo. Mas sabemos que a editora, como toda empresa, precisa ter lucros, e por isso tem sempre a intenção de colocar o melhor produto possível no mercado, pelo menos do ponto de vista comercial. Como você vê esta relação?
Acredito que é importante que o autor esteja muito atuante no processo de criação de seu livro como produto, seja capa, seja edição. Mas ao mesmo tempo, um livro é um produto caro (de produzir, de colocar na livraria, de propagandear), num mercado difícil, e a editora não pode ser a única culpada de tudo. Uma editora confiável faz, no mínimo, um bom trabalho de edição, de conversa com o autor sobre o conteúdo e a abordagem do livro. Há outros detalhes que fogem um pouco disso, como capa (questões de designer etc), e com isso o autor precisa ter cuidado.

7) Como foi a experiência de ser um autor nacional estreante em uma editora grande como a Record?
Editoras grandes dificilmente apostam em autores iniciantes. Fiquei encantada. Recebi um tratamento muito bom, em especial por causa do Prêmio SESC de Literatura. Só tenho a agradecer.

8) Você acha que um autor que tenha sido rejeitado em várias editoras comerciais deve tentar a autopublicação? Ou o fato de ter sido rejeitado várias vezes pode indicar que talvez o livro (e talvez também o escritor) não estejam ainda maduros para iniciar uma carreira?
Acho que deve, mas também vale a pena investir um pouco em outras coisas. Muitas vezes, a publicação não é o mais importante. Vale a pena investir tempo em blogs, revistas literárias e, principalmente, prêmios e bolsas que publiquem (ou financiem). A autopublicação é um processo caro, muitas vezes apressado, que nem sempre tem bons resultados. Qualquer estímulo externo compensa mais nesses casos. Contudo, não acho que ser publicado ou não revela maturidade. A publicação não precisa ser o primeiro passo na carreira do escritor.

9) Algumas editoras, como Novo Século e 7Letras, tem um formato híbrido de publicação, onde o autor banca apenas uma parte do custo da publicação, e a editora faz todo o trabalho editorial e comercial, garantindo qualidade e a distribuição do livro. O que você acha deste formato?
Acho um formato que vem crescendo muito recentemente, mas minha opinião se mantém próxima à resposta anterior. Nem sempre publicar um livro é a melhor opção. Não desestimulo, mas acho que é uma decisão que deve ser pensada e planejada. Há muitas oportunidades pra escritores iniciantes por aí, vale mais a pena garimpar.

10) Gostaria de deixar alguma dica para aqueles que estão lutando para publicar o seu primeiro livro e querem começar com o pé direito?
Acho que… dizer que o primeiro livro é o passo mais difícil. Não fica mais fácil a partir dele, mas é o passo mais difícil. É uma droga estar nesse limbo entre “tenho um livro na gaveta” e “sou escritor”. Ou seja, ouvir negativas (ou, pior, nenhuma resposta) é a regra, não a exceção. Meu conselho seria: vá com calma.

11) Já está trabalhando em um novo livro? Pode adiantar algo para os leitores do Papolivro?
Sim, estou, mas... não posso adiantar. Tenho o mau hábito de profetizar sobre livros que não acontecem.

12) Luisa, obrigado por responder a esta entrevista e dividir um pouco de sua experiência conosco.
Imagina :) (de novo). Estamos aí!

Pessoal, não deixem de conhecer o trabalho da Luisa Geisler. É muito importante para quem quer publicar conhecer os livros que estão chamando a atenção no mercado nacional. Seria quase como uma "pesquisa de campo".



Thiago Rulius.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Livro Ficcionais - Segredos da escrita


Em Ficcionais (livro), escritores contam, em primeira pessoa, aspectos curiosos do processo criativo de um livro.

Saber o que acontece a alguém durante o processo de escrita de um livro, descobrir que aquela história é, em certa medida, a história de seu autor, ou de um amigo, ou do pai, e que o escritor quase abandonou o livro porque teve um bloqueio criativo são questões que não deveriam mudar a relação que se cria com a obra - mas que despertam a curiosidade do leitor. Nenhuma orelha ou quarta capa de livro explica isso, ou de onde veio a ideia para aquela história, o que pretendia o autor ao escrevê-la e, principalmente, o que leva alguém a mergulhar fundo no projeto de um livro já que o processo é tão doloroso. Entrevistas dão algumas pistas, mas é por meio dos raros relatos de um autor que chegamos, se chegamos, mais perto de sua verdade.

Em Ficcionais - Escritores Revelam o Ato de Forjar Seus Mundos (Cepe, 120 págs., R$ 15), esse universo desconhecido da escrita, da relação do autor com seu objeto é, em parte, revelado. Estão ali textos em primeira pessoa de escritores diversos, de idades variadas, como Bernardo Carvalho, Ana Maria Machado, Daniel Galera, Michel Laub, Elvira Vigna, Ronaldo Correia de Brito, Marcelino Freire, que contam sobre o processo de escrita de um livro específico. São 32 textos no total, todos feitos a pedido de Schneider Carpeggiani, editor do Pernambuco, suplemento literário do Diário Oficial do Estado (antigo Suplemento Cultural), que completa agora cinco anos, e foram publicados na coluna Bastidores.

Foi Bernardo Carvalho quem, indiretamente, deu a ideia dessa coluna. Ele estava lançando O Filho da Mãe, da série Amores Expressos, e Carpeggiani pediu que ele relatasse o período que passou em São Petersburgo, para onde foi mandado com a incumbência de voltar com uma história de amor. "Mais que um relato sobre um livro feito em viagem, numa situação artificial, ele me enviou uma confissão de como aquela história foi criada. O texto é uma espécie de 3X4 do que é o Bernardo Carvalho criando", conta o editor e organizador da obra. A partir daí, ele resolveu investir nesse tipo de provocação.

Foram poucas as recusas desde a criação da coluna, há cerca de quatro anos. Mas a dúvida é unânime: como fazer isso? "Aí entra o trabalho de psicólogo que todo editor deve exercer. Teve um escritor que eu não posso revelar o nome que disse: 'Mas eu não posso escrever isso, porque eu sou o personagem. E ninguém pode saber, porque essa história é complicada'. Respondi: 'Se seu romance é 'real', então faça um texto ficcional dizendo como criou aquela ficção. Ninguém vai notar'. E ele fez. Ou seja, na cabeça dele, o texto de ficção de verdade é o texto da coluna Bastidores. Parece um jogo de espelhos de Borges", conta.

A ausência mais sentida no livro é de um texto de Moacyr Scliar publicado às vésperas de sua morte. "A família dele fez várias exigências para liberar o texto, entre elas que o livro só tivesse uma edição. Aí a gente deixou de fora, mas o texto é lindo." O último a dizer não à coluna foi Daniel Galera. O escritor, que acaba de lançar Barba Ensopada de Sangue, disse que já tinha falado muito sobre a obra. Ele, porém, está no livro com um texto sobre Cordilheira, seu romance que ganhou o Prêmio Machado de Assis.

Vencedor do Prêmio APCA - o último do ano a ser anunciado - de romance por O Céu dos Suicidas, Ricardo Lísias também contou sobre o que estava por trás de seu romance premiado. Abre seu texto dizendo que em 2008, quando terminava O Livro dos Mandarins, recebeu a notícia do suicídio de um amigo. "Nos primeiros meses depois do telefonema, racionalizei. Não pensei muito no assunto. (...) Quando voltei a escrever, depois do descanso que tiro entre cada livro, percebi que eu estava com um problema: eu só conseguia falar do meu amigo. (...) O assunto começou a me dominar. Lembro que não aceitava ninguém colocando qualquer problema em um suicida. Comecei a ficar muito nervoso e, como se não houvesse outra saída, planejei O Céu dos Suicidas", escreve Lísias.

Entre outros temas abordados, está a insegurança da mudança de estilo. A romancista Ana Maria Machado, autora também de uma vasta obra infantojuvenil, escreve sobre quando decidiu tirar seus poemas da pasta de cartolina e publicá-los em Sinais do Mar. Discutem também o tempo que dedicam à escrita, se sabem o final quando começam o livro, a busca da palavra exata.

Nos textos, estão as histórias que os autores resolveram confessar. Vale lembrar que são todos ficcionistas, contadores de histórias. Há muito mais atrás disso, em lugares que nem leitores e às vezes nem autores podem acessar

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,segredos-da-escrita-,987245,0.htm

Abraços
Thiago Rulius

domingo, 13 de janeiro de 2013

Palavra por palavra – Anne Lamott

    Durante o tempo que freqüentei, com alguma assiduidade, algumas comunidades de escritores do finado Orkut, encontrei gente de todos os níveis possíveis em relação a escrita: autores publicados por editoras comerciais de todo porte ou autopublicados, vencedores de concursos literários publicados ou não e amadores de diversos níveis.
    Infelizmente (ou talvez felizmente, não sei) eram muito comuns aqueles que acabaram de ler um livro que lhes arrebatou completamente, levando-os a decisão relâmpago de se enfronhar nesta fascinante carreira e se tornarem, quem sabe, o novo Paulo Coelho ou a nova J. K. Rowling. Nada contra sonhar e buscar este sucesso, afinal acreditar em seu potencial é o primeiro passo a ser dado. O problema é que grande parte destes candidatos a se tornarem o mais novo escritor best-seller sequer tem prática de leitura. Eles simplesmente descobriram a literatura tardiamente e já querem saltar para o “topo da pirâmide”.
    Grande parte desta turma vai tentar escrever um texto plagiado do seu autor preferido e em uma semana, ao ler o próprio texto, vai se desanimar e perceber que escrever um romance de sucesso não é tão simples assim.
    Para aqueles que decidiram perseverar, e continuam acreditando, mas não tem preparo algum para enfrentar este longo caminho, recomendo o livro Palavra por palavra, de Anne Lamott. Neste livro, Anne atua como professora, psicóloga e consultora, mostrando ao leitor e candidato a escritor como se manter motivado e confiante durante a produção de sua obra, como combater a autocrítica, resolver problemas do processo de escrita (como por exemplo ficar travado – o conhecido “bloqueio criativo”), além de dar dicas relacionadas a publicação e melhoria do texto. Ao mesmo tempo que incentiva o escritor (amador ou não), o livro mostra também a realidade da profissão.
    O livro vai também lhe permitir, de acordo com sua experiência, reconhecer dificuldades já vividas, situações estas exemplificadas pela autora, que também apresenta soluções para resolver estes problemas.
    Considero-o um ótimo livro, um dos que devem compor a “ala técnica” da biblioteca de quem quer seguir a carreira de escritor. Apesar disso, talvez seja um bom livro para riscar e fazer anotações. Tenho dó de fazer isso, mas este Palavra por palavra pede esta heresia, para poder funcionar melhor como um autêntico livro de cabeceira, pois ele entrega as dicas de maneira cadenciada. Não faz o tipo guia de referência rápida.
    Ainda assim, recomendo a todos.

Abraços,
Thiago Rulius.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Um pensamento para iniciarmos 2013...

Lendo o livro Mestres da Pintura no Brasil, de João Medeiros, encontrei a reprodução de uma frase, ou pensamento, do teólogo Huberto Rohden. Acho que se aplica muito bem a literatura, então reproduzo-a abaixo, para verem se também pensam assim:


O verdadeiro artista sempre sente uma espécie de vergonha, e está com vontade de pedir desculpa ao publico pela imperfeição da obra que produziu, porque sente que toda a produção é uma espécie de traição da realidade, que ele concebe intuitivamente, mas que não pôde dar a luz visivelmente.

Huberto Rohden – Teólogo catarinense


Quanto ao blog, devo aumentar as postagens com o fim das férias. Não deixem de acompanhar.

Abraços
Thiago Rulius