quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Forum das Letras 2011 - Cobertura

Depois de dois ou três anos esperando uma oportunidade, finalmente pude conhecer o Fórum das Letras de Ouro Preto, que encerrou ontem sua sétima edição, com o tema “Memória do esquecimento”.

O evento teve a duração de cinco dias, mas somente cheguei a Ouro Preto no segundo dia, logo assistindo ao debate “Escrever História para se livrar da memória”. Apesar do escritor Arnaldo Bloch ter se mostrado um tanto sem rumo, sempre retornando a histórias de família e do grupo Manchete, sem acrescentar muito conteúdo a discussão, os escritores Miguel Sanches Neto e Ronaldo Correia de Brito impuseram um alto nível, com a boa mediação de Suzana Vargas. Um belo cartão de visitas!

A continuação da programação de sábado trouxe um debate com o jornalista Marcelo Tas, do programa CQC, com a também muito boa mediação de João Alegria, lotando (e ultrapassando) a capacidade do belo e aconchegante cine Vila Rica. Apesar da falta de vínculo com o tema do Fórum das Letras, foi um bate-papo de ótimo nível, e que valeu o tema diferente, sem duvida. Se alguém foi até lá querendo ouvir piadinha, se frustrou.

Os intervalos entre debates tornavam-se curtos para as atividades que podiam ser feitas. Nno andar superior do cine Vila Rica (hall de entrada) os profissionais da livraria ligada ao evento atualizavam seu pequeno estande com as obras dos autores que haviam participado do ultimo debate, permitindo o manuseio, análise e compra destas obras (disponíveis para a maioria dos escritores, mas não todos). Podia-se ainda bater papo ou conseguir uma dedicatória de seu escritor preferido. Em paralelo, algumas atividades de dança, teatro e musica ocorriam na rua, em frente ao cine. Para quem não se interessava por nada disso, uma cafeteria também funcionava no hall do cinema.

O domingo trouxe talvez o debate mais atrativo para os interessados em história, com o nome “As Minas Gerais: 300 anos de aventura, literatura, cobiça e fé”, com a participação dos autores Frei Betto, Ivan Marques e Lucas Fugueiredo. Ivan concentrou-se nos escritores mineiros de várias gerações, enquanto Lucas e Frei Betto deram uma aula de história, contando curiosidades do tempo da exploração do ouro. Ao fim do ótimo debate, tive de me conter para não gastar demais, e me contentei com um livro do Lucas, que me concedeu uma dedicatória, muito solicito.

Retornei ao cine Vila Rica próximo as 20:00 para o debate “Imaginação e memória”, com Marina Colasanti, Mario Araujo e o francês Henri Loevenbruck. Não vinha entendendo o que dizia o francês, pois não havia tradução simultânea, e só no meio do debate descobri que havia um sistema portátil de som com fones disponível (o que não avisaram no início, em minha opinião uma pequena falha da organização). Acabei não assistindo a todo o debate por ter ficado de papo alguns minutos com o escritor Miguel Sanches Neto, que foi muito atencioso e fez uma dedicatória em seu livro que eu havia comprado no dia anterior. Aproveitei para falar sobre as poucas oficinas regulares que temos em BH (até onde sei a única é a do Letras e Ponto), e ele me contou que já ministrou oficinas na PUC da Praça da Liberdade com o Luiz Vilela. Como seria bom poder fazer uma oficina com um destes caras (Aproveitando, leiam o “Contos Eróticos” do Luiz Vilela). Conversamos ainda sobre o Suplemento Literário, e o Miguel se mostrou por dentro do
movimento em BH.

A segunda-feira era ainda o penúltimo dia de festival, porém era meu ultimo dia de participação. As 11:00 conheci o espaço Petrobrás (auditório bem menor que o Cine Vila Rica), onde assisti ao debate “A biblioteca é um mundo, o mundo é uma biblioteca”, e fiquei entusiasmado com o caso de sucesso de Luiz Amorim com seu açougue cultural (ele é açougueiro), além do projeto de distribuir livros nos pontos de ônibus de Brasilia. O escritor Carlos Liscano (presidente da biblioteca nacional do Uruguai) também teve uma participação de destaque, o que me fez lamentar não encontrar seu livro ao fim do debate “Memória, história e narrativa” realizado as 15:00 novamente no Cine Vila Rica, onde Carlos contou alguns detalhes sobre a produção de um de seus livros, escrito durante os treze anos em que ele esteve preso pela ditadura uruguaia. Ainda em relação ao debate das 15:00, ele foi seguramente o pior dos que participei no festival, com a escritora Maria José Silveira lendo um texto enorme e bastante enfadonho em resposta a primeira pergunta da mediadora Guiomar de Grammont, que em minha opinião conduziu este debate de maneira um tanto insatisfatória, com uma apresentação improvisada dos autores e perguntas pouco objetivas, o que fazia com que eles falassem de assuntos aleatórios.

Retornei a Belo Horizonte na tarde de segunda-feira, lamentando ter perdido os debates “Memória, filosofia e ficção”, realizado ainda na segunda, e “Como publicar e divulgar o primeiro livro”, debate que fecharia o evento na terça-feira (se considerarmos apenas os debates) e que, acredito, atrairia muito publico se houvesse sido colocado em um momento mais adequado do calendário do Fórum, pois a maioria do publico é jovem e muitos (como eu) devem sonhar em publicar seu livro.

Agora, vamos aguardar a bienal do livro de Minas Gerais e o Fórum das Letras de 2012.

Abraços
Thiago Rulius