domingo, 17 de junho de 2012

Concursos literários - Sugestões de mudança


               Tenho participado com alguma regularidade de concursos literários, buscando uma forma de avaliação de meus trabalhos como escritor. É um método bastante impreciso, claro, já que se você não for um dos premiados nem receber uma menção honrosa, ficará sem qualquer feedback dos textos enviados. Exemplificando: Um concurso literário vai premiar e publicar três autores, e mais dois como menção honrosa. Este concurso teve mil inscrições. Se você ficar entre os cinco primeiros, parabéns! Além de receber uma avaliação, muito provavelmente imparcial e verdadeira de seu trabalho, ainda pode receber prêmio, ser publicado, receber uma placa, medalha ou certificado. Mas e se não foi um destes cinco autores? Aí, você não saberá sequer se ficou classificado em sexto ou ultimo lugar. Ou seja, a avaliação de seu original, as vezes valorizada como um prêmio, não vai ocorrer.

                Mas por que estou falando tudo isso? Porque acho que as regras para os concursos literários estão um tanto defasadas. Os editais dos concursos que participei aparentemente seguem um modelo padrão, que em minha opinião deveria sofrer algumas atualizações de forma a facilitar a vida dos participantes, dos organizadores, e muito importante, dar um basta em relação a geração indiscriminada e desnecessária de lixo.

                Utilizando ainda o exemplo citado acima: Em um edital padrão, são solicitadas três ou quatro vias do texto impresso com espaçamento (o que acho justo com quem vai ler), mas impresso em apenas uma face da folha. Por que não permitir a impressão nas duas faces da folha? Bastaria uma nova cláusula dizendo que, para aqueles que imprimissem nas duas faces, o papel deveria atender a uma gramatura mínima. Apenas esta medida poderia reduzir o gasto com papel a pouco mais da metade do consumo atual. Para o nosso exemplo, se considerarmos que se trata de um concurso de contos temos: mil trabalhos, impressos em quatro vias, com, digamos, quatro páginas cada conto: 1000 x 4 x 4 = 16.000 folhas! Achou muito? Então agora imagine se este concurso fosse para romances com cento e cinquenta páginas: 1000 x 4 x 150 = 600.000 folhas! Não é um absurdo? Não seria genial se pudéssemos diminuir 30 ou 40% deste volume?

                Outra medida que me parece possível é deixar de imprimir uma cópia de cada texto por jurado. Afinal, eles não lêem todos os textos ao mesmo tempo. Por que não reduzir o numero de cópias a metade e reparti-las entre os jurados? Eles leriam os textos que estão em seu poder (poderiam rubricar a primeira página dos já lidos, para não criar confusão) e depois trocariam estes com os demais jurados. Teríamos então outra economia de 50% no numero de folhas impressas. Além disso, poderiam, junto a rubrica, dar uma nota, digamos, de um a cinco, e assim dar algum feedback aos escritores. Não entrando em contato com cada um, algo muito trabalhoso, mas talvez divulgando uma lista no site, abaixo dos vencedores. Acho que poderia ser uma possibilidade para pensar e amadurecer a idéia.

                Por ultimo, temos agora alguns concursos que pedem uma cópia dos trabalhos em CD junto ao envelope de inscrição. Esta me parece a mais descabida das medidas. Motivo: Se dos mil participantes, apenas cinco serão premiados, serão necessários apenas cinco dos mil CDs enviados a organização do concurso. Os demais novecentos e noventa e cinco CDs serão enviados diretamente para o lixo, sem nenhuma utilização. Cada um destes CDs pode levar até 450 anos para se deteriorar, segundo o site http://www.araraquara.sp.gov.br/Pagina/Default.aspx?IDPagina=2143. Não é terrível? Uma solução: solicitar o envio do texto somente aos vencedores, por email ou até por CD mesmo, afinal agora estamos falando apenas de cinco unidades. E adicionar a cláusula dizendo que, se o vencedor não enviar o conto em meio digital em determinado prazo, está desclassificado.

                Se tiverem novas idéias, por favor, comentem. E se concordam com as sugestões acima, que tal compartilhar? Se um único concurso aderir a estas mudanças, já terá valido a pena.

Abraços.
Thiago Rulius
               

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