Tenho
participado com alguma regularidade de concursos literários, buscando uma forma
de avaliação de meus trabalhos como escritor. É um método bastante impreciso,
claro, já que se você não for um dos premiados nem receber uma menção honrosa,
ficará sem qualquer feedback dos textos enviados. Exemplificando: Um concurso
literário vai premiar e publicar três autores, e mais dois como menção honrosa.
Este concurso teve mil inscrições. Se você ficar entre os cinco primeiros, parabéns!
Além de receber uma avaliação, muito provavelmente imparcial e verdadeira de seu
trabalho, ainda pode receber prêmio, ser publicado, receber uma placa, medalha
ou certificado. Mas e se não foi um destes cinco autores? Aí, você não saberá
sequer se ficou classificado em sexto ou ultimo lugar. Ou seja, a avaliação de
seu original, as vezes valorizada como um prêmio, não vai ocorrer.
Mas por
que estou falando tudo isso? Porque acho que as regras para os concursos
literários estão um tanto defasadas. Os editais dos concursos que participei
aparentemente seguem um modelo padrão, que em minha opinião deveria sofrer
algumas atualizações de forma a facilitar a vida dos participantes, dos
organizadores, e muito importante, dar um basta em relação a geração
indiscriminada e desnecessária de lixo.
Utilizando
ainda o exemplo citado acima: Em um edital padrão, são solicitadas três ou
quatro vias do texto impresso com espaçamento (o que acho justo com quem vai
ler), mas impresso em apenas uma face da folha. Por que não permitir a impressão
nas duas faces da folha? Bastaria uma nova cláusula dizendo que, para aqueles
que imprimissem nas duas faces, o papel deveria atender a uma gramatura mínima. Apenas esta medida poderia reduzir o gasto com papel a pouco mais da
metade do consumo atual. Para o nosso exemplo, se considerarmos que se trata de
um concurso de contos temos: mil trabalhos, impressos em quatro vias, com,
digamos, quatro páginas cada conto: 1000 x 4 x 4 = 16.000 folhas! Achou muito?
Então agora imagine se este concurso fosse para romances com cento e cinquenta
páginas: 1000 x 4 x 150 = 600.000 folhas! Não é um absurdo? Não seria genial se
pudéssemos diminuir 30 ou 40% deste volume?
Outra
medida que me parece possível é deixar de imprimir uma cópia de cada texto por
jurado. Afinal, eles não lêem todos os textos ao mesmo tempo. Por que não
reduzir o numero de cópias a metade e reparti-las entre os jurados? Eles leriam
os textos que estão em seu poder (poderiam rubricar a primeira página dos já
lidos, para não criar confusão) e depois trocariam estes com os demais jurados.
Teríamos então outra economia de 50% no numero de folhas impressas. Além disso, poderiam, junto a rubrica, dar uma nota, digamos, de um a cinco, e assim dar algum feedback aos escritores. Não entrando em contato com cada um, algo muito trabalhoso, mas talvez divulgando uma lista no site, abaixo dos vencedores. Acho que poderia ser uma possibilidade para pensar e amadurecer a idéia.
Por
ultimo, temos agora alguns concursos que pedem uma cópia dos trabalhos em CD
junto ao envelope de inscrição. Esta me parece a mais descabida das medidas.
Motivo: Se dos mil participantes, apenas cinco serão premiados, serão
necessários apenas cinco dos mil CDs enviados a organização do concurso. Os
demais novecentos e noventa e cinco CDs serão enviados diretamente para o lixo,
sem nenhuma utilização. Cada um destes CDs pode levar até 450 anos para se
deteriorar, segundo o site
http://www.araraquara.sp.gov.br/Pagina/Default.aspx?IDPagina=2143. Não é
terrível? Uma solução: solicitar o envio do texto somente aos vencedores,
por email ou até por CD mesmo, afinal agora estamos falando apenas de cinco
unidades. E adicionar a cláusula dizendo que, se o vencedor não enviar o conto
em meio digital em determinado prazo, está desclassificado.
Se
tiverem novas idéias, por favor, comentem. E se concordam com as sugestões
acima, que tal compartilhar? Se um único concurso aderir a estas mudanças, já
terá valido a pena.
Abraços.
Thiago Rulius
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